Desafio não é só ESG: endividamento bilionário também preocupa na Ambipar

A Ambipar, a maior empresa brasileira do setor de gestão ambiental, vive uma crise de confiança entre os investidores, ao mesmo tempo em que o mercado financeiro discute seu relacionamento com o mundo ESG (Environmental, Social and Governance).

A Ambipar é uma empresa única, sem concorrentes diretos, com atividades diversificadas relacionadas a questões ambientais, como gestão de crises, tratamento de água e de efluentes, além de fabricação de embalagens com material reciclado. Essa pegada ecológica chamou a atenção do mercado e abriu caminho para o IPO (Initial Public Offering). Desde sua lista na B3, a empresa cresceu rapidamente, realizando 43 aquisições entre julho de 2020 e início de 2023, sendo 32 delas concentradas em 2022.

No entanto, essa expansão acelerada se transformou em uma preocupação para os acionistas, que se afastaram da empresa. A Ambipar inchou, se endividou e, na visão dos analistas, não entregou os resultados esperados. Os investidores questionam se a empresa pode sustentar seu crescimento e pagar sua dívida bilionária.

Ironicamente, ao mesmo tempo em que a percepção sobre a empresa se deteriorou, o valor da ação disparou. Em poucos meses em 2024, o papel chegou a ter uma alta de 2.800% entre a mínima e a máxima do ano. Saiu de R$ 8,04 no fim de maio para R$ 268 em meados de dezembro, encerrando o ano passado com alta de 700%.

Ainda hoje, a ação da Ambipar é observada com cautela pelo mercado, que questiona se a empresa pode recuperar a confiança dos investidores e superar seus desafios financeiros e ambientais.