É viável o comércio global sem a utilização do dólar?

O encontro dos presidentes dos países que integram o Brics — Bloco de nações emergentes como Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul — foi recheado de alfinetadas aos países desenvolvidos, críticas a multinacionais e à distribuição mundial de responsabilidades pelos desastres climáticos. Tudo isso era esperado. Um assunto, no entanto, voltou a ganhar força na cúpula, a desdolarização do comércio feito entre os países membros do bloco.

O tema, puxado pelo presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, já vem sendo debatido de forma discreta pelos membros, em especial China e Rússia, que hoje enfrentam tensões ou bloqueios comerciais com os Estados Unidos. Agora, com o reforço do Brasil, o tópico, que ainda divide opiniões de especialistas, começa a ganhar musculatura e gera dúvidas se setores como o petroleiro vão se beneficiar ou dar um tiro no pé caso adotem.

A negociação direta entre os países em outras bases de troca que não o dólar é vista por alguns especialistas como uma forma de garantir que os países mantenham suas reservas dolarizadas e firmem negócios usando como base suas moedas correntes. A construção de uma alternativa em um bloco comercial é a proposta apresentada pelo Conselho Empresarial dos Brics.

Essa ideia ainda divide opiniões, mas é considerada uma forma de dar mais flexibilidade às transações comerciais e evitar a dependência do dólar. Para isso, os países do BricsBuscarão estabelecer acordos de comércio entre si, usando suas próprias moedas como valuta, e não mais o dólar.