A estratégia da Americanas de responsabilizar isoladamente um pequeno grupo de ex-diretores pela maior fraude contábil da história brasileira e isentar a própria Companhia e os controladores ganhou mais um capítulo. O Conselho de Administração da empresa aprovou a concessão de benefícios milionários para que Flávia Carneiro e Marcelo Nunes fizessem delação sobre o caso, tornando o depoimento dos dois questionáveis.

A estratégia da Americanas pode prejudicar apenas os investidores minoritários, que não terão como processar a empresa por danos causados. A empresa pode processar os diretores culpados, mas os investidores minoritários ficarão sem qualquer direito a indenização. Isso é uma possibilidade concreta, pois a estrutura da companhia apresentava falhas, concluiu a B3, que suspendeu a empresa do Novo Mercado e impôs multas à própria Americanas, conselheiros e comitê de auditoria.

A B3 apontou que os Conselheiros foram omissos na fiscalização e na gestão dos controles internos, permitindo que as irregularidades ocorressem. Isso significa que a empresa não implementou medidas adequadas para prevenir a fraude e não monitorou as atividades dos diretores. Ao contrário da defesa da Americanas, é claro que a empresa também é responsável pela fraude contábil que ocorreu.

Com essa estratégia, a Americanas estaria apenas tentando escapar da responsabilidade pela fraude e não pagar indemnizações às vítimas. A B3 já concluiu que a empresa apresentava problemas estruturais e que os Conselheiros eram omisso na fiscalização, então é difícil crer que a responsabilidade seja única dos ex-diretores.