O salário perdeu espaço na economia brasileira, caindo para menos de 40% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2021, o menor nível em 19 anos. Em 2016, a renda dos assalariados chegou ao pico, alcançando 44,7% do PIB, desde então, caiu abaixo de 40%, afastando o Brasil do perfil das economias mais desenvolvidas e evidenciando a alta desigualdade.
A fatia da renda dos salários e contribuições dos trabalhadores no PIB girou em torno de 39,2% em 2021, o menor desde 2004, alcançado pela ótica da renda do IBGE, que divide a economia entre capital e trabalho. Especialistas consideram que não houve recuperação até o momento.
Já o excedente operacional bruto, que representa os lucros das empresas, teve um movimento contrário, passando de 32,1% em 2015 para 37,5% do PIB brasileiro em 2021, a maior fatia da série histórica, iniciada em 2000.
Economistas apontam três fatores que contribuem para essa tendência: a queda da renda do trabalho, a redução de vagas e o aumento dos lucros com digitalização e automação, e a “pejotização”, que consiste em mais empregados contratados como pessoa jurídica em vez de carteira assinada, o que tem o efeito de considerar o rendimento do trabalho como lucro de empresa.