A apreciação do real em relação ao dólar nas últimas sessões não deve ser menosprezada, mas o movimento não é capaz de reduzir a possibilidade de um eventual aumento da Selic neste ano. Bruno Serra, gestor da Itaú Asset e ex-diretor de política monetária do Banco Central, afirma que o efeito benigno ou negativo do câmbio ocorre num horizonte de três a quatro trimestres, principalmente. No entanto, se alongamos para seis trimestres, o efeito é secundário.

Para Serra, a dúvida colocada pelo mercado sobre se o BC faria o necessário para garantir a convergência da inflação à meta, inclusive uma subida de juros, dificultou uma valorização mais significativa do câmbio. Ele afirma que o câmbio estaria muito mais perto de R$ 5 do que de R$ 6 se não tivéssemos passado por essa dúvida. No entanto, se ficar claro que o BC vai subir os juros quando precisar, a coisa reverte rapidamente.

Além disso, outro executivo, Luiz Parreiras, também acha que a visão levantada pelo diretor de política monetária é a mesma, ou seja, a apreciação do câmbio não é suficiente para prevenir um eventual aumento da Selic.