O conflito entre Estados Unidos e China e os efeitos da pandemia de covid-19 e da guerra entre Rússia e Ucrânia contribuíram para que os produtos mais primários, como petróleo, café e grãos, representem metade do que o Brasil exporta para a União Europeia (UE). Isso ocorre com a perda de espaço de produtos industrializados com maior intensidade tecnológica, que tinham no bloco um tradicional destino.

A exportação brasileira para a UE aumentou 69,8% de 2019 a 2022. Durante esse período, o país exportou mais petróleo, café e grãos, mas o transporte de itens mais tecnológicos, como aeronaves e turbinas, diminuiu ou permaneceu relativamente estável. Essa mudança é resultado de um desafio sistêmico ao Brasil, fortalecido pelos debates sobre as regras ambientais da UE que entrarão em vigor a partir de 2024.

De janeiro a maio de 2023, produtos primários, fora da indústria de transformação, compuseram 47,7% do que o Brasil exportou para a UE, uma fatia inferior à de 2022, mas maior que a de 2019. Esses produtos incluem predominantemente produtos agrícolas, florestais e da indústria extrativa. Em contraste, produtos de alta e média-alta tecnologia perderam espaço, tendo sua participação reduzida de 17,1% em 2019 para 10,8% em 2023.

A tendência é que a “reprimarização” da exportação continue em 2023. Isso pode ter implicações negativas para a economia brasileira, uma vez que os produtos industrializados e tecnológicos são mais valorizados e contribuem mais para o PIB do país.