O livro Os Axiomas de Zurique, escrito por Max Gunther, é uma obra que divide opiniões. Apesar de ser compacto e de leitura acessível, seu conteúdo provocativo conquistou leitores ao redor do mundo, tornando-se um best-seller em temas financeiros. Para quem busca entender os princípios por trás da especulação e do manejo de riscos, o livro apresenta um conjunto de ideias poderosas – mas também controversas.

Neste artigo, vamos explorar os principais pontos do livro, a origem dos “axiomas”, as críticas, e o público que pode se beneficiar desta leitura.

O que são os “axiomas de Zurique”?

De acordo com Max Gunther, o termo “axiomas de Zurique” surgiu em Nova York em um círculo de banqueiros e empresários suíços que teriam alcançado grande sucesso financeiro investindo em ações, imóveis e outros ativos. O pai do autor era parte desse seleto grupo, o que inspirou a criação do livro.

Os axiomas são, essencialmente, princípios para lidar com o risco, e o autor os apresenta como uma alternativa às estratégias conservadoras que predominam nos mercados financeiros. No entanto, é importante ter em mente que esses conceitos foram desenvolvidos em um contexto de alta experiência e capital significativo – algo que o pequeno investidor deve avaliar com cautela.

Os 12 grandes axiomas: regras para especular

Gunther descreve 12 princípios fundamentais que orientam a especulação financeira. Entre os destaques:

  • Sobre o risco: “Preocupação não é doença. Se a pessoa não estiver preocupada, não está arriscando o bastante.”
    Essa afirmação enfatiza a necessidade de estar exposto ao risco para alcançar retornos expressivos, mas também reforça que o manejo adequado é crucial.
  • Sobre intuição: “Só se pode confiar em um palpite que possa ser respaldado por fatos.”
    A obra valoriza decisões fundamentadas, mesmo quando baseadas em insights intuitivos.
  • Sobre erros: “Quando o barco começa a afundar, a ordem é abandoná-lo e não perder tempo com preces.”
    Esse axioma destaca a importância de cortar perdas rapidamente para evitar maiores danos ao patrimônio.

Críticas aos axiomas de Zurique

Embora os princípios sejam atraentes para especuladores experientes, eles enfrentam críticas por incentivarem comportamentos de alto risco. Muitos especialistas apontam que estratégias tão ousadas podem ser perigosas para investidores iniciantes ou para aqueles que não possuem um sólido conhecimento do mercado.

As principais críticas incluem:

  1. Excesso de risco:
    Gunther sugere uma abordagem que pode comprometer seriamente o capital de investidores sem experiência suficiente ou sem um manejo de risco adequado.
  2. Distanciamento de estratégias consolidadas:
    Ao desestimular investimentos de longo prazo, o livro vai contra princípios como os defendidos por Benjamin Graham em O Investidor Inteligente, obra clássica que prega paciência e consistência.
  3. Foco em especulação:
    A obra é voltada para especuladores, e não para investidores tradicionais que buscam retornos consistentes ao longo de anos.

Vale a pena ler “Os Axiomas de Zurique”?

Para quem opera na Bolsa de Valores ou em outros mercados de curto prazo, o livro traz insights práticos e úteis, como “fugir da opinião da maioria” e “realizar lucros cedo demais”. No entanto, para investidores de longo prazo, as ideias de Gunther podem gerar confusão, especialmente para aqueles que buscam construir patrimônio com base em ativos sólidos e previsíveis.

Apesar das controvérsias, o livro oferece uma perspectiva única sobre a relação com o risco e pode ser uma leitura enriquecedora quando analisada com senso crítico. Extrair o que há de positivo e adaptável ao seu perfil de investidor é essencial.

Quem já indicou?

O livro “Os Axiomas de Zurique” já foi mencionado por diversas personalidades do mercado financeiro e autores de renome. Embora a obra seja controversa, muitos especialistas destacam seu valor por oferecer uma perspectiva diferenciada sobre risco e especulação. Entre os nomes que frequentemente citam ou recomendam o livro, podemos destacar:

  1. Howard Marks
    Embora tenha um estilo de investimento mais voltado ao longo prazo, Howard Marks, autor de “The Most Important Thing”, já destacou o valor de estudar diferentes abordagens de risco, como a apresentada por Gunther.
  2. Robert Kiyosaki
    O autor de “Pai Rico, Pai Pobre” menciona frequentemente a importância de assumir riscos calculados nos investimentos, alinhando-se a algumas das ideias centrais de Os Axiomas de Zurique.
  3. Peter Lynch
    Embora seja conhecido por seu estilo de investimento em crescimento, Peter Lynch já reconheceu a relevância de princípios como “fugir da opinião da maioria” para investidores que desejam obter retornos acima da média.
  4. Jim Rogers
    O investidor e cofundador do Quantum Fund é um dos nomes que frequentemente recomenda livros sobre gestão de riscos e especulação, como Os Axiomas de Zurique.
  5. Nassim Nicholas Taleb
    Autor de “Antifrágil” e “A Lógica do Cisne Negro”, Taleb defende a exploração de riscos em certos cenários, o que se alinha a algumas das premissas do livro.

Em suma

Os Axiomas de Zurique é uma obra provocadora que desafia as normas tradicionais do mercado financeiro. Enquanto seus princípios podem ser úteis para especuladores experientes, é preciso ter cautela ao aplicá-los sem considerar o contexto e os riscos envolvidos. O livro reforça a importância de uma abordagem crítica e de um sólido conhecimento antes de tomar decisões financeiras ousadas.

Se você busca expandir sua visão sobre investimentos, a leitura pode ser uma boa adição à sua jornada, desde que seja acompanhada de estudos complementares e análise criteriosa.